vivemos encurralados entre por quês, como e onde...buscamos fórmulas mágicas e inexistentes pra sentimentos que nos invadem, sejam eles rotulados como bons ou maus, tá aí... rotulamos sentimentos, o nosso lado sempre é bom e o do outro é mau....
viver é complicado demais, mas gosto de sentir essa complicação toda, gosto de nada saber, me encanta a dualidade da dúvida com a certeza....do certo e errado, e muitas vezes o errado (pra mim) nem é tão errado assim....vá entender!
" O que a gente ainda não sabe
A gente dá as costas para a vida quando considera privilégio custear trocados em nome de uma solidariedade enrustida de interesses pessoais.
Não sabemos sobre o outro e tampouco levamos em conta a contrapartida obrigatória e desinteressada que precisamos oferecer para sermos razoáveis. Limitados estamos de deixar o mundo mais bonito para o outro, o próximo da fila, o vizinho ou quem quer que chegue. Ninguém está interessado na beleza da janela do vizinho. O jardim mais florido precisa ser o nosso.
É preciso tomar dose forte de sanidade já que apenas café e poesia não vale.
É equívoco pensar que somos servos da bondade, quando sequer ajeitamos as situações sem querer vantagens.
A gente ainda não sabe nada sobre desapego. Somos servos infinitos de uma vontade estúpida de recolher todos os méritos, bondades, satisfação para usufruto individual, sem entender o prazer da partilha desinteressada.
Vivemos em tempo de facas afiadas, rasgando quem se aproxima para não sermos contrariados com a presença amorosa do outro.
Somos frascos ocupados com líquidos para saciar a nossa sede de universalidade e unanimidade.
Muitas vezes tudo em nós é performático, solúvel e instantâneo, exceto a nossa indiferença e a desgraça do egocentrismo.
A gente ainda não sabe ocupar apenas o espaço que nos foi destinado, sem atropelar o caminho do outro.
Cuidar sem exagerar.
Dispensar sem ser indelicado.
Argumentar sem impor nossa opinião.
Selecionar valores sem cair na exteriorização medíocre de muita fala e pouca prática.
A gente ainda não sabe que somos desconfortos quando criticamos sem piedade, expulsando o outro para bem longe do terreno da afetividade e tolerância. O prolixo enfadonho de regras, leis e conselhos que vende barato fragmentos enfastiados de posturas para com o mundo.
O que a gente ainda não sabe é que somos promessas mal pagas tentando fazer gênero extraordinário, mas falimos pela ausência de sensibilidade.
O que a gente não sabe é que a gente mesmo, sabe pouco ou quase nada. E isso é tudo o que mais importa.
Ita Portugal "
beijos e carinho, bell