Tem dia que eu quero só ser: sem falar, pensar, dizer coisas articuladas, explicar sentimentos. A vontade de existir em meio a tudo, figurando na paisagem: sem vermelhos, sem artifícios, sem destaque. Em dias assim, eu não tenho profissão, talento, ambições, cicatrizes, nostalgias,coisas do tipo. Eu apenas respiro, olho ao redor, torno-me o redor... folheio um livro, escuto uma música sem ouvir. É tudo deliciosamente sem densidade. Tudo sendo o que dá pra ser, eu sendo o que posso e ninguém me parecendo pensar nisto como eu. Apenas superfície e silêncio. Apenas céu e chuva ou neve ou sol... O vento, o calor, as janelas abertas em casa, o café, o sonho do abraço, a presença de quem deveria estar.
Apenas isto: tanto de tudo sendo qualquer coisa.
Tem dia que é só um dia. tão bonita é a simplicidade, tão esperada que é a paz...tão amiga que é a solidão...
“Amar... Mas amar apaixonadamente: as pessoas, os dias, as palavras, a vida.
Degustar com os cinco sentidos o sexto sentido.
Absorver dos pés aos ouvidos cada átimo de tempo: uma breve ocasião, um longo momento. Estar presente, estar consigo, estar contido, mas esparrAMAR-SE com o vento.
Sentir a sintonia do acaso, ter com o bem-estar um caso: de loucura, de ternura, sem prazos. Gostar... No osso do sentimento, na nervura da delicadeza.
Bem-querer com verdade e destreza.
Dedicar-se à gentileza.
Conhecer. Na sutileza do que não está explícito, mas depois abandonar tuas leituras da cena, abrir espaço para o inusitado, perder-se das certezas.
Amar... Mas amar com uma intensidade sem peso, drama, jogos, teias, regras, tramas.
Amar. Sentir. Estar. Gostar. Conhecer... Saber ir, bem-querer ficar.”
Marla de Queiroz
beijos e carinho, bell