Parafraseando Saint Exupéry,..
"Tu te tornas eternamente responsável, pelas suas tralhas afetivas,
pelo último gole,
segundo porre,
ralado no joelho,
esfolado no coração,
um tiquinho de sensatez,
um montão de loucuras,
todas as despedidas,
tamanho do pódio e dimensão da queda,
desculpas esfarrapadas e saudade desgastada.
Tu te tornas enormemente responsável pelas pu ta rias românticas e as temporadas ilusórias à espera do príncipe que não fará embate afetivo.
Tu te tornas muito responsável pela vida inteira ou meia arregaçada, improvisada e as pencas de outras definições que surgirem no meio da jornada.
Mas o mais importante Eu me torno responsável por tudo o que não deu certo, pelos erros que cometi, pelas loucuras que fiz e decisões que tomei.”
sobre arrependimentos e culpas...
Não me arrependo de nada, mas agora sei o que não faria novamente
Somos todos falíveis, delicadamente imperfeitos, mas únicos na nossa essência e nas nossas histórias pessoais. Por isso, é muito bom e necessário aceitar cada erro cometido sem cair em um lamento perpétuo, mas perceber o que não devemos fazer, qual o caminho que não trilharíamos novamente e quais são as pessoas que devem ficar bem longe de nós. Estava pensando nas coisas que fiz e que não deveria ter feito e meu único alento é ter tido tempo de ver que estava errada, foi não ter mergulhado de cabeça em um rio de águas rasas...Às vezes custamos a perceber, motivados por uma falsa alegria, que é roubada, que a porra-louquice acabará nos alertando que o sofrimento ta logo ali na frente.
Nunca fui de fugir aos meus erros, erro muito....com alguns aprendo e com outros sofro.
Woody Allen disse uma vez em um de seus filmes: “eu não me arrependo de nada que fiz na minha vida, mas na verdade, eu gostaria de ser outra pessoa“. Esta frase irônica resume muito bem um fato concreto: os erros que cometemos ao longo da vida nos machucam e comprometem a nossa dignidade tão profundamente que, muitas vezes, gostaríamos de ter uma tecla de “reiniciar” imaginária.
“O sucesso vai de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo”.
– Winston Churchill –
No entanto, as pessoas não são máquinas, e na verdade é aí que reside a nossa grandeza. Nessa magia escrita no nosso DNA, que nos possibilita aprender com os erros para melhorar como espécie e sobreviver neste mundo complexo. Viver é seguir em frente, mas também mudar e aprender com cada escolha equivocada ou com cada má ação praticada; é como dar uma pausa no meio do caminho para aprender a ser melhor a cada dia.
Ao longo desse tempo de vida carrego erros e infinitas culpas...A culpa e o arrependimento assumem muitas formas, formam grandes sombras e tecem nas nossas mentes teias de aranha muito espessas, que nos atrapalham durante um tempo determinado. Fatos concretos como um relacionamento com a pessoa errada, uma decisão imprudente no trabalho, um descuido acidental, uma promessa não cumprida, uma palavra ou uma má ação, significa nos vermos em um espelho, sem filtros, sem anestesia e com uma ferida aberta. Ou seja, quando estamos conscientes das rachaduras da nossa suposta maturidade, precisamos recolher os pedaços da nossa dignidade e corrigir o que está errado.
Por outro lado, um interessante estudo publicado pela revista “Psicologia Cognitiva” relata um fato que nos convida a uma profunda reflexão. As pessoas mais jovens queixam-se frequentemente dos muitos erros que cometeram ao longo da sua vida. Às vezes, basta uma simples conversa com alguém entre 20 e 45 anos para que ela nos conte, uma por uma, cada má escolha, cada pessoa que lamenta ter deixado entrar na sua vida ou cada decisão errada que tomou. Uma avaliação e uma autoanálise que pode ser saudável e catártica: nos ajuda a decidir melhor, a orientar de forma mais precisa a nossa bússola pessoal.
No entanto, o problema real aparece com a população de idosos. Quando chega aos 70 anos, a pessoa começa a se lamentar pelas coisas que não fez, pelas oportunidades perdidas, pelas decisões que não tomou por falta de coragem. Dessa forma, algo que devemos ter em mente é que o pior arrependimento é uma vida não vivida. Entenda que muitos dos nossos supostos erros, aqueles cujas consequências não foram fatais ou extremamente adversas, são a nossa “bagagem experiencial”, o nosso legado de vida, as rachaduras por onde penetra a luz da sabedoria.
Os erros sempre batem à nossa porta de uma forma ou de outra
Um erro implica, acima de tudo, a aceitação da responsabilidade. É algo que a maioria de nós já sabe, não há dúvida; no entanto, nem todas as pessoas são capazes de dar esse passo importante e digno. Se aceitarmos a responsabilidade pelos nossos erros, acontecerá o que é chamado na psicologia de “reparação primária”, ou seja, conseguiremos terminar um relacionamento tempestuoso, finalizar um projeto fracassado ou mesmo pedir perdão por danos causados a outras pessoas.
“Os erros são a base do pensamento humano. Se nos foi dada a capacidade de cometer erros, foi por uma razão muito específica: para sermos melhores”.
– Lewis Thomas –
Um artigo publicado na revista “Personality and Social Psychology” recorda um fato pelo qual muitos de nós já passaram. Às vezes, castigamos a nós mesmos com a seguinte frase: “Mas … como eu pude ser tão ingênuo/a, com esta idade e ainda cometendo estes erros?”.
A crença de que a idade e a experiência nos tornam imunes aos erros é um mito. Deixe de lado essas ideias e assuma um fato concreto e importante: estar vivo é aceitar as mudanças e os desafios, nos permitir conhecer novas pessoas e fazer coisas diferentes todos os dias. Errar, em algumas situações, faz parte do nosso processo de aprendizagem; é uma peça a mais no nosso crescimento. Não se recuse a experimentar para não ficar ancorado na ilha do arrependimento e do medo. Pensar que “é melhor ficar como estou” é limitar-se a respirar e a existir, mas não a viver.
beijos e carinho, bell