Tempos do agora ou já!
Tenho
pensado muito a respeito desse tanto de modernidade que alcançamos. São
aparelhos que fazem de tudo um pouco, programas que ensinam “a melhor dieta de
todos os tempos”, “ um namorado “ ... mas tudo anda meio doido.
Quanto mais programa de dieta, mais obesidade.Quanto mais site de encontros,
mais pessoas sozinhas.
Quanto maior o número de “tratamentos milagrosos”, mais mulheres angustiadas.
Somos atropeladas por um
padrão que devemos atender e que vale para tudo, do peso à maneira como
dormimos.
Nunca estamos no hoje.
Dias e noites ansiando o
amanhã. Prevendo problemas que não vingaram, doenças que não se apresentaram,
rupturas que já findaram.
Estamos no ontem e no
amanhã, nunca no hoje.
Não deve ser por acaso que
a indústria farmacêutica anda cada dia mais multimilionária. Nada dá mais
dinheiro que uma pílula milagrosa.
Vivemos no “agora ou já”.
Nosso padrão de
comportamento está nos enlouquecendo. Literalmente.
Estamos viciadas em correr
contra o tempo e somos atropeladas enquanto ele passa como tem de passar e nem
aí pra gente. A gente corre atrás de algo que não pode alcançar.
As pessoas não se
relacionam, se interrogam.
Casais não interagem, fazem
check list.
Tempo de muitas mensagens e pouca conversa olho-no-olho.
Sou uma comprovação do
“tudo ao mesmo tempo, agora”. Mas, com mais de uma profissão, tenho observado
mais a mim mesma e entendido que não posso dar conta de tudo, e não tenho dado
conta!
Quando me perguntam se
cozinho, respondo gentilmente “adoro cozinhar, mas e tempo pra compartilhar com você?”.
A questão é decretarmos a
nossa inoperância.
A honra, me parece, está em
dizer francamente “desculpe, não dou conta da maneira como você me cobra”.A
verdade é que não tenho conseguido dar conta do básico, as urgências vão se
acumulando.
Fica inviável melhorar
quando buscamos atender demandas que, muitas vezes, não são nossas. E isso nada
tem de egoísmo.
Creio que nós, mulheres,
carecemos de um minuto de silêncio interno.
Precisamos mais umas das
outras.
É importante trocarmos
mais, nos validarmos mais e falarmos com lealdade o que sentimos, como sentimos
e quando sentimos.
Quem sente calada, travada,
acuada, torna-se nó.
Nascemos para ser laço!
Cláudia Dornelles
beijos e carinho, bell