SIM, eu admito. Eu sou e gosto mesmo é de ser do contra! Confesso que nem de Big Brother eu gosto, mas é impossível não consumirmos durante o programa. Nas redes só se fala disso, nas conversas com os amigos em comum, o assunto é o mesmo: BBB! Mas sabe o que me incomoda? As pessoas vestirem esse manto de superioridade e intelectualidade para empinar o nariz e dizer que não suporta esse tipo de cultura inútil. SIM, é um absurdo a apelação de audiência com mulheres e rapazes bonitos em corpos sarados, porque na realidade, sabemos que ali, o pobre mesmo, feio, com nome no SPC, que deve o agiota, passa longe dessa seleção... Todo mundo grita que quer ver o pobre e o feio, mas quando saem na balada, procuram pelo bonito... E comecem os jogos, tanta picuinha, jogos e disputas pelo poder, líder, anjo, e quem cair na boca do povo, ou sai ou fica e aí sai o grande prêmio milionário. Disputa é algo que não acontece nas nossas rotinas, né?! Seja ela de trabalho ou amorosa. Abandonando a ironia, é claro... Você já parou pra pensar qual é o grande sucesso desse programa? Olha, não é difícil chegar na conclusão de que o BBB na verdade é o reflexo que ele traz de nós, da sociedade brasileira. Não há quem não se identifique com algum dos participantes. Sinta as suas dores, conquistas e tome para si a ofensas e injustiças gritantes, mesmo quando cometidas há quilômetros de distância, por gente que nunca vimos na vida. É tipo novela. Tempos atrás todos paravam pra ver os grandes capítulos, levavam a personagem pra além da vida real. O vínculo se torna tão íntimo pela chance singular de perceber que pessoas aparentemente perfeitas, são frágeis. Pasmem! Os bonitões e bonitonas possuem defeitos, sonhos e medos. Falam de boca cheia, acordam descabeladas, ficam bêbadas e fazem vexames. Ri, chora, briga, grita, xinga. Sim, aquelas pessoas existem, e são como a gente. Muito além de um jogo, é uma chance de observar o comportamento humano em sociedade, ascensões e quedas, a liderança nata e a sede de poder. Quantos não ficam hipnotizados pelo poder e metem os pés pelas mãos?! É só um jogo? Será? Isso também já vi na vida real... Estratégias sendo lançadas. Pessoas de visão que observam a fraquezas dos outros e criam proveito disso, afinal, quem não quer ser o milionário? O que você faria pra ser um milionário? Os seus valores iriam falar mais alto? Ou mais baixo? Há também o medo de encarar o paredão e sair, que se equivale ao medo da morte... As pessoas travam, não vivem, com medo de qualquer passo em falso. Coincidência com a vida real?! Os participantes se alienam de forma tamanha que o mundo se resume àquelas paredes, e fazendo uma adaptação de uma famosa expressão jurídica, ao tema “o que não existe no BBB não existe no mundo!”. É a vivência, atual e descontraída. Como negar a cultura a todo esse jogo de comportamento? A diversidade de sotaques, grau de instrução e experiências de vida. Nordestinos e paulistas. Gregos e troianos. Enfim, é como eu costumo dizer: é tudo uma questão de ponto de vista. A cultura está nos olhos de quem vê. Há quem olhe uma janela e enxergue um mundo enquanto outros não veem nada. Há quem ache a grama do vizinho mais verde e há quem cuide sempre da sua grama pra nunca deixar de ser verde. Superior por não assistir BBB? Prepotente? Isso parece ser um pouco do jogo... Mas na verdade, não vivemos em um jogo todos os dias?
Ostatnia gra