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5 lat 133 dni temu

Carta para a revista VEJA – 01 09 2010



Senhor redator.

Como espírita, assinante dessa revista há muitos anos, lamento o tom de
deboche que caracterizou sua reportagem sobre o filme Nosso Lar, o que,
diga-se de passagem, também está presente em matérias sobre outras religiões.
Nesse aspecto, VEJA é uma revista coerentemente debochada. Não respeita a
crença de nenhum leitor.
Pior são os erros de apreciação sobre a Doutrina Espírita, revelando
ignorância do repórter, uma falha perigosa, porquanto coloca em dúvida outras
matérias e informações. Como saber se os responsáveis estavam preparados para
escrevê-las, evitando fantasias e especulações?
Para sua apreciação, senhor redator, algumas “escorregadelas” do repórter:

a)Grafa entre aspas o verbo desencarnar. Só teria sentido se ainda não
houvesse sido dicionarizado. Por outro lado, noventa por cento dos brasileiros
são espiritualistas, isto é, acreditam na existência e sobrevivência do
Espírito. Este ser imortal desencarna, jamais morre. A minoria materialista,
que acredita que tudo termina no túmulo, certamente terá surpresas quando
“morrer”.

b)Fala em cordilheira de ectoplasma onde se situaria Nosso Lar. De onde tirou
isso? Ectoplasma é um fluido exteriorizado pelos médiuns para trabalhos de
materialização. Os físicos, esses visionários cujas “fantasias” acabam
confirmadas pela Ciência, falam hoje que há universos paralelos, que se
interpenetram, semelhantes ao nosso. A partir daí não é difícil imaginar o
mundo espiritual descrito por André Luiz como parte de um universo paralelo
com seres e coisas semelhantes à Terra, feitos de matéria num outro estado de
vibração, não um mundo “ectoplasmático”, mas de quinta-essência material. Nada
de se admirar, portanto, que em cidades desse mundo existam pessoas com “uma
rotina parecida com a dos vivos: comem, bebem, trabalham e moram em casas
modestas ou melhorzinhas”. Espirituoso esse “melhorzinhas”. Imagina o repórter
que o Espírito é uma fumaça sem forma, sem consistência, habitando um nada?

c)Situa o aeróbus, um transporte coletivo que voa, como algo improvável.
Menos mal que não tenha escrito impossível. De qualquer forma, ignora,
certamente, que pesquisadores estão aperfeiçoando veículos dessa natureza, em
alguns países, como solução para os problemas de trânsito e que no universo
paralelo, o mundo espiritual, de matéria quinta-essenciada, é muito mais fácil
resolver problemas relacionados com a gravidade. Ou, imagina que tudo flutua
por lá?

d)Diz jocosamente que “o visual da colônia dos espíritos de luz comprova: o
brasileiro pode até se livrar do inferno, mas não escapa nem morto da
arquitetura de Oscar Niemeyer. A cidade fantasmática de Nosso Lar é a cara de
Brasília…” Não se deu ao trabalho de comparar datas e não percebeu que, mais
apropriadamente, Brasília copiou Nosso Lar, visto que a cidade espiritual foi
descrita por André Luiz em 1943, enquanto a construção de Brasília foi
planejada e ocorreu no governo de Juscelino Kubistchek, de 1956 a 1961,
inaugurada em 1960.Quanto ao mais, seria recomendável aos repórteres de VEJA o
benefício de um estudo acurado e sem prejulgamento do livro que deu origem ao
filme, psicografado por esse atestado vivo de integridade e amor à verdade,
que foi o médium Chico Xavier, para compreenderem qual é o objetivo dessa
magistral obra, como resume o Espírito Emmanuel, no prefácio:

André Luiz vem contar a você, leitor amigo, que a maior surpresa da morte
carnal é a de nos colocar face a face com a própria consciência, onde
edificamos o céu, estacionamos no purgatório ou nos precipitamos no abismo
infernal; vem lembrar que a Terra é oficina sagrada, e que ninguém a
menosprezará, sem conhecer o preço do terrível engano a que submeteu o próprio
coração.