Vampira XXVII

 
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Rejestracja: 2019-12-06
Quem nunca provou o próprio sangue quando se machucava não sabe o que é ser um vampiro.
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Poesia: '' No Teatro Da Vida''

Quadro: “Saturno devorando um filho”, de Francisco de Goya.

'' No Teatro Da Vida'' de Rachel Heydrich.


Esfrego minha pele incontáveis vezes por dia.
Da janela, a ameaça parece distante,
embora sempre invisível, impalpável no instante
quase infinito, como nossos dias que não se findam.
Afastada, esta fera que vos narro
ainda mostra os dentes
e firma como nunca seu papel de ameaça
no teatro da vida.
Mas acontece que as cortinas estarão sempre abertas
e o espetáculo de antigos intervalos dóceis
é agora horror, nada menos que barbárie.
Tento respirar,
mas já não há ar nos pulmões de quem perde sonhos:
aqueles de meus contemporâneos.
Busquei no horizonte algum sinal de esperança,
mas meio mundo, meu país,
coberto por uma névoa espessa,
agonizava e implorava por uma misericórdia quase divina.
Não encontrei relógios no caminho,
mas sei que é tarde.
Esfrego-me novamente
e tenho uma súbita certeza:
agora, mais do que nunca, não saio!,
grito a mim mesma.
Pois sei que algo me espera na esquina mais próxima,
e minha vida vale mais, muito mais
do que um punhado de aventuras incertas
que me tentam dia e noite.
É hora de me banhar.
De que me vale esfregar esta secura?
Se é na alma que guardo
a angústia e a culpa
de ser mais uma,
apenas mais uma,
neste show macabro, sem hora marcada...
A verdade é que não sei
se haverá quem acenda as luzes
quando a música não mais tocar
e o silêncio, soberano, reinar absoluto
no fim daquele túnel.
Não menos angustiado, espero:
É o fim quem me dirá as palavras mais doces.

Vampira XXVll