Tatiane, uma adolescente de 13 anos, após deixar seus livros no sofá decidiu comer um lanche e entrar na internet. Conectou-se com o seu nome na tela: Docinho14. Revisou sua lista de amigos e viu que Meteoro123 estava conectado. Ela enviou uma mensagem instantânea:
- Doçinho14: Oi. Que sorte que vc está aí! Pensei que alguém me seguia na rua hoje. Foi esquisito mesmo!
- Meteoro123: RISADA. Vc assiste muita TV. Por que alguém te seguiria? Vc não mora em um bairro seguro?
- Docinho14: Com certeza. RISADA. Acho que imaginei isso porque não vi ninguém quando virei.
- Docinho14: Claro que não. Não sou idiota, vc já sabe. Meteoro123: Você jogou vôlei depois do colégio hoje?
- Docinho14: Sim e ganhamos!
- Meteoro123: Você joga no ataque?
- Docinho14: Não, jogo na defesa. Tenho que sair. Tenho que fazer minha tarefa antes que cheguem meus pais. Não quero que fiquem bravos. Tchau! - Meteoro123: Falamos mais tarde. Tchau.
Entretanto Meteoro123 foi ao menu de membros e começou buscar sobre o perfil ela. Quando apareceu, copiou e imprimiu. Pegou uma caneta e anotou o que sabia de Docinho até agora: Seu nome: Tatiane. Aniversário: Janeiro 3, 1993. Idade: 13. Cidade onde vive: Santo Antônio da Platina. Passatempos: vôlei, inglês, natação e passear no centro da cidade algumas tardes por semana. Além desta informação sabia que vivia em Santo Antônio da Platina porque lhe tinha contado recentemente. Sabia que estava sozinha até as 18:30 todas as tardes até que os pais voltavam do trabalho. Sabia que jogava vôlei nas quintas feiras de tarde com o time do colégio, os Gatos de botas. Seu numero favorito, o 4, estava estampado na sua jaqueta. Sabia que estava na oitava série no colégio Sebastião Paraná. Ela tinha contado tudo em conversas on-line. Agora tinha suficiente informação como para encontrá-la.
Tatiane não contou a seus pais sobre o incidente ao voltar do parque. Não queria que brigassem com ela e que lhe impedissem voltar caminhando dos jogos de vôlei. Os pais sempre exageram e os seus eram os piores. Ela teria gostado não ser filha única. Talvez se tivesse irmãos seus pais não tivessem sido tão sobre-protetores.
Na quinta feira Tatiane já tinha esquecido que alguém a seguia. Seu jogo estava em plena ação quando de repente sentiu que alguém a observava. Então lembrou. Olhou desde sua posição para ver um homem observando-a de perto. Estava inclinado contra a cerca na arquibancada e sorriu quando o viu. Não parecia alguém de quem temer e rapidamente fugiu o medo que sentiu. Depois do jogo, ele sentou-se num dos bancos enquanto ela falava com o treinador. Ela percebeu seu sorriso mais uma vez quando passou do lado. Ele acenou com a cabeça e ela devolveu o sorriso.
Ele percebeu seu nome nas costas da camiseta. Sabia que a tinha achado. Silenciosamente caminhou numa distância certa atrás dela. Eram só umas quadras até a casa de Tatiane quando viu onde morava voltou logo ao parque para procurar seu carro. Agora tinha que esperar. Decidiu comer algo até que chegou a hora de ir à casa de Tatiane. Foi a uma lanchonete e sentou até a hora de começar seu objetivo.
Tatiane estava no seu quarto, mais tarde essa noite, quando ouviu vozes na sala. "Tati, vem!", chamou seu pai. Parecia perturbado e ela não imaginava o porquê. Entrou na sala e viu o homem do parque no sofá.
- "Senta aí", começou seu pai, "este senhor nos acaba de contar uma história muito interessante sobre você".
Tatiane sentou-se. Como poderia ele contar-lhes qualquer coisa? Nunca o tinha visto antes de hoje!
- "Você sabe quem sou eu?" perguntou o homem.
- "Não", respondeu Tatiane.
- "Sou polícial e teu amigo do chat, Meteoro123".
Tatiane ficou pasmada. - "É impossível! Meteoro123 é um menino de minha idade! Tem 14. e mora em Minas Gerais !".
O homem sorriu. - Sei que eu disse tudo isso, mas não era verdade. Veja, Tatiane, tem gente na internet que se faz passar por garotos; eu era um deles. Mas enquanto alguns o fazem para machucar crianças e jovens e fazer dano, eu sou de um grupo de pais que o faz para proteger as crianças dos malfeitores. Vim te encontrar para te ensinar que é muito perigoso falar on-line. Você me contou o suficiente sobre você como para eu te achar facilmente. Você me deu o nome da tua escola, do teu time e em que posição você joga. O numero e o teu nome na jaqueta fizeram que eu te encontrasse rapidinho.
Essa noite, Tatiane e seus pais ajoelharam-se juntos e agradeceram a Deus por protegê-la do que poderia ter sido uma situação trágica.