Procuro a ternura súbita
os olhos ou o sol por nascer do tamanho do mundo,
o ar onde a respiração é doce,
um pássaro no bosque com a forma de um grito de alegria.
Ou a carícia da terra,
a juventude suspensa,
a fugidia voz da água entre o azul do prado e de um corpo estendido.
Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti e o teu nome ilumina as coisas mais simples:
o pão e a água, a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de mais.
Eugénio de Andrade.
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