No espelho,
vendo a imagem refletida,
tento decifrar o enigma.
As marcas no rosto
não escondem
o tempo vivido,
as dores sofridas,
as ilusões perdidas.
Porém, uma luz
insiste, persiste
a brilhar nos olhos.
Como uma menina travessa,
essa outra de mim,
brinca com a vida.
Atrevida,
escreve versos,
corajosa,
ama loucamente.
Invejo sua beleza,
sua leveza,
sua sensibilidade.
Fecho os olhos
e fantasio,
agora sou ela,
posso ousar,
posso me atrever
a te desejar,
a te amar.
Como eu queria,
poder ou saber,
fazê-la saltar
dos meus olhos
e sê-la sempre,
livre,
poeta,
feliz,
amada e amante,
ou,
simplesmente,
MULHER.