kakau.bh

 
Rejestracja: 2012-12-10
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Imortal

                                                                 

 

PALAVRA IMORTAL

- Pedi ao jovem:- “Dá-me uma palavra imortal”

- “Vida!”

Respondeu-me exultante. “A vida é a fonte de todas as inspirações, alegrias e belezas”. Depois refletindo: - “E de muitas magoas também”.

Perguntei ao poeta:

- “Na tua linguagem, existe uma palavra imortal?”

- “Amor!

Que seria da vida do homem e da poesia sem o amor? O amor é a divina embriaguez de todos os sentidos”. Refletiu um momento: - “Mas muitas vezes é uma embriaguez que tortura e mata”.

- Mestre, conheces uma palavra imortal?

- “Luz!

Ela ilumina os céus, a vida, o amor. Quando o Senhor resolveu criar o mundo, criou, inicialmente a luz! Ela é bela e festiva” Refletiu e ajuntou com tristeza: - “Mas como foi cruel ao fugir dos olhos de minha filha...”

Dirigi-me ao velho filósofo. Respondeu-me num ímpeto:

- “Morte!

A morte é a paz! Tão grande é a sua grandeza que ela encerra os mistérios dessa e da outra vida. A morte é a grande porta para a eternidade”. Olhou para um velho retrato que pendia da amarelada parede: - “Mas como foi desumana”.

Perguntei ao sacerdote:

- “Deus!

Somente Deus é imortal. Tudo passa menos Ele. É o princípio e o fim. Deus é pai que ama e perdoa. Dele nos vem a vida, o amor, a luz, a morte. Deus é lenitivo para as dores humanas. Mãos que semeiam bênçãos.

Uma mísera criatura se ajoelhou chorando a morte de um filho. Li em seus lábios mudos: - “Mas às vezes desampara e castiga”...

Falei a uma mulher, uma mulher feliz, cujo coração devia andar nas nuvens.

- “Uma palavra imortal? “ - “Céu!

O céu é infinito e bom. Ele é o caminho dos nossos sonhos, a estrada azul das nossas esperanças! Que seria do amor, da vida, da morte e como se compreenderia Deus se não existisse céu?” - “Seus olhos desceram um instante das nuvens: - “Mas, às vezes, fica tão longe das nossas mãos”...

Na cela, envolto em trevas e em silêncio, uma treva e um silêncio que vinham lá de dentro daquele coração, que cometera na vida, toda sorte de maldade, lá estava um homem condenado à morte. Um assassino frio, indomável, cínico. Jamais conhecera o amor. A vida lhe fora má. A luz lhe fugira sempre. Deus o castigara e agora, ali esperava a morte. “Responde-me conheces uma palavra imortal? Que seja bela como a vida, doce como o amor, resplandecente como a luz, amena como o céu e que em sua grandeza de alma nos acompanhe além da morte e até diante de Deus? Uma palavra que seja alegria sem mágoa, amor sem sofrimento, luz sem trevas, paz sem esquecimento, mão que não desampara nem castiga, céu que está sempre perto de nossos corações, que sempre ama, sempre se sacrifica, que sempre perdoa... O homem condenado à morte, cujo olhar era duro, cujo rosto era cínico, cujo ódio era imenso, pareceu humanizar-se de súbito e lançando-se em angustioso pranto: - “Mãe! Minha Mãe”

 

 

Abraços, Ká