"Com ela tudo virava um texto: no caderno, no lenço de papel, no espelho do banheiro, nas paredes da casa, no Facebook, no WhatsApp, no Word, no chão, na areia, em qualquer lugar em que fosse possível escrever. Nas mãos dela, bastava algo para externalizar o turbilhão de ideias que se desenhavam em sua cabecinha de vento.
Ela era meio maluca, diziam todos que tinham o privilégio de conhecê-la mais intimamente. O tipo de garota que via o mundo de um jeito diferente. Nunca se importava com a opinião alheia. Vivia o que quisesse, pois tinha seu próprio conceito de certo e de errado.
Com ela não havia preconceito. Aceitava a todos do jeito que eram. Crianças, adultos, pretos, brancos, altos, baixos, magros, gordos, bonitos, feios, ricos, pobres, heterossexuais, homossexuais e bissexuais. A menina era só amor e simpatia com qualquer pessoa. Era essência.
A garota do sorriso lindo. Sonhava com os olhos bem fechados. Voava, tentando manter os pés no chão. Se amava, não era pela metade. Ela sabia se entregar e viver o momento. Pena que gente assim como essa menina se ilude fácil. Impulsividade era seu nome.
Se tinha que dizer algo, escrevia ou falava sem pensar. Zangada, parecia uma bomba atômica ou um atentado terrorista. Sabia como ninguém usar as palavras para tudo, inclusive, para machucar. Mesmo assim, ela não era ruim de coração. Apenas era imatura demais para ter autocontrole dos seus pensamentos, das suas palavras e das suas ações.
Ah, menina! Não ensinaram para ela como o mundo é cruel. Não mostraram para ela que nem todos tinham o coração igual ao dela. Ela nunca gostou de mentir. Falava a verdade, mesmo que doesse. Não era do tipo de gente que faz mentira parecer verdade. A menina não sabia a importância do silêncio. Manter a língua dentro da boca era impossível.
E por ser assim, essa menina ingênua, como todas as outras, foi enganada por um tal de sapo que sabia se fingir de príncipe encantado. Ele a fez subir muito alto na vida. Ela acreditou tanto em suas mentiras que caiu das nuvens direto na realidade.
Participou de um jogo de poder que ganhou muito ao perder. Sua queda foi tão violenta que ela se dividiu em duas pessoas. Perdida, não sabia mais quem era. Não conseguia nem definir suas opções de vida.
Ninguém a avisou de que para as feridas do mundo Merthiolate e Band-aid não serviam. Que a dor é tanta que se chora sem parar. Pela aflição, a vida fez a menina crescer e amadurecer. A menina virou mulher segura de si, ficou forte e deu a volta por cima.
A primeira lição que ela aprendeu foi tirar de perto todas as pessoas que apenas a usavam e/ou a machucavam. Assim que o tal sapo foi jogado de volta na lagoa e agora vive coaxando, pedindo perdão com palavras que nunca mais vão convencê-la.
Sapo esperto. Mas não o suficiente para recuperar uma princesa que virou rainha e hoje sabe se valorizar. Bichinho bom de papo. Pensou que podia viver mentindo para tantas mulheres. Pelo menos para ela nunca mais vai mentir e/ou omitir.
Enfim, ela entendeu que quem ama de verdade não usa, não trai, não mente e não fere o seu amor. A agora mulher se encheu de amor-próprio, confiança e se descobriu escritora, pois por ter nascido com muita sensibilidade emocional e destreza nos dedos, ela sempre conseguiu traduzir em lindas palavras os sentimentos de sua alma."
beijos e carinho, bell
https://www.youtube.com/watch?v=OCb5YtAG2Ps
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